História chama a atenção para a seriedade da doença em nosso meio
3º sgt Thássia Santos
Ao ligar a TV ou o computador, temos nos deparado com muitas histórias difíceis sobre o COVID-19 por todo o mundo. Muitos infectados, outros em tratamento, recuperados, inclusive óbitos. E quando esse cenário torna-se realidade na vida pessoal tudo toma uma proporção ainda maior, e foi assim que o 3º sargento Paulo Henrique, do 2º Grupamento de Bombeiros Militar (2º GBM) do Corpo de Bombeiros Militar de Alagoas (CBMAL) se sentiu ao ver seu pai falecer ao mesmo tempo em que lutava por sua recuperação. Paulo é bombeiro militar desde 2006 e cumpre sua missão de salvar vidas no 2º GBM, localizado no município de Maragogi, desde que se formou no CBMAL. Ele é residente de Vitória do Santo Antão, no estado vizinho de Pernambuco, e viu sua rotina completamente alterada ao saber que seu pai estava se sentindo mal naquela quinta-feira, dia 16 de abril. “Meu pai passou mal e fiquei com ele na UPA. Por já ter histórico de diabetes e hipertensão, além de episódios anteriores de crises desse tipo, não imaginávamos que seria COVID. Mas já no sábado, ele foi isolado com suspeita e eu também me isolei em casa após recomendação da major Vanessa, (da Superintendência de Saúde). Já na madrugada do dia 18, comecei a ter alguns sintomas como febre alta, dor no corpo, moleza, diarreia e tosse”, relatou em detalhes. Ele conta que após cinco dias do início dos sintomas, pode perceber um cansaço durante pequenas atividades domésticas e até quando falava, e todo o processo foi acompanhado pela major Vanessa. “Diariamente a major perguntava como eu estava e essa atenção foi primordial para o meu tratamento. Realizei a tomografia e vimos que cerca de 25% do meu pulmão estava comprometido, apresentando uma pneumonia viral. Com isso, a major iniciou antibiótico, xarope e nebulização, e após dez dias de tratamento, fiz outra tomografia que verificou a regressão total da pneumonia”, contou ele, que hoje já está recuperado, mas ainda apresenta tosse. Paulo viveu tudo isso paralelamente à internação de seu pai, que a esta altura já estava em um hospital de campanha em Recife. “Ele tinha 64 anos, sempre teve uma vida ativa, mas com a aposentadoria parou com suas atividades. Conseguimos um leito de UTI no dia 24 de abril e no dia 04 deste mês ele faleceu. Estou muito abalado até hoje, foi um momento muito difícil”, disse o militar. Em meio ao drama do falecimento do pai, o bombeiro teve que conviver isolado dentro da própria casa, onde mora com sua esposa e sua filha Luna, de 1 ano e 7 meses. “Minha filha é muito apegada a mim e há mais de 30 dias eu não a pego no colo. Desde o início, ela chora, dá os braços, não é fácil. Isolei-me em um quarto e ela ficava na porta dando a mãozinha e chorando por mim. Não poder abraçar e nem tocar a minha filha tem sido muito doloroso para mim”, relata emocionado, ressaltando que ainda não se sente seguro em manter um contato mais próximo à família. Em meio à pandemia, percebe-se que há pessoas que tendem a relaxar nos cuidados, como o distanciamento e as medidas de higiene. Porém, histórias como a do sargento Paulo Henrique mostram que se manter firme nas medidas de segurança são essenciais para que todo o mundo supere esse momento complicado com saúde. “Queria aproveitar para pedir aos meus companheiros que levem a situação a sério. Antes de acontecer comigo, eu já tomava todos os cuidados e mesmo assim peguei esse vírus. Quando fiquei doente, pude perceber ainda mais a importância desses atos de cuidado. Posso ter pego com meu pai, no hospital ou até mesmo na rua, nunca se sabe. Não cheguei a ficar internado, mas foi diferente de tudo que já senti na vida, foram dias muito difíceis, além da perda do meu pai. Sempre digo que devemos desconfiar de todos e para nós, que temos o contato diário com a população, através dos atendimentos às ocorrências, o risco é ainda maior”, destacou o bombeiro, que deve retornar para sua missão de salvar vidas nos próximos dias. Cuide-se pelo seu bem e pela saúde de todos!