Na última terça-feira (22), completou uma semana da maior chuva da história de Petrópolis, cidade localizada na região serrana do Rio de Janeiro, até a noite de ontem tem, em média, 195 mortes confirmadas e 69 pessoas que ainda não foram encontradas, para angústia de familiares que ainda esperam encontrar seus entes em meio a lama.
No sábado (19), 4 militares e 2 cães de busca e resgate do Corpo de Bombeiros de Alagoas embarcaram para auxiliar os militares do RJ, são eles: Ten Cel BM Roberto, Sub Ten BM Francisco, 2º SGT BM Tertuliano conduzindo a cadela de salvamento Rory e o CB BM Cícero Daniel condutor do cão Rex.
“Em uma tragédia desta dimensão é a primeira vez que atuo, tem muito barro, algumas vítimas estão a uma distância de 3 a 5 metros debaixo. Por conta disso, o trabalho está sendo feito em revezamento porque os cães começam a cansar”, relata o Ten Cel Roberto.
Até então, os cães ajudaram a localizar duas pessoas que perderam a vida, além de terem farejado diversas áreas e anulado os espaços que não têm vítimas, facilitando o trabalho dos militares que estão trabalhando nas chamadas “áreas quentes”. O trabalho de resgate em andamento é muito importante para quem perdeu familiares, parentes e amigos na tragédia.
Para facilitar, os militares fazem furos com varetas para que o cão possa localizar algum vestígio. "Muitas vezes ele sente um cheiro distante, fica em dúvida e não late, mas muda de comportamento. Aí o cachorreiro - como é chamado o militar que acompanha o cão - percebe e sabe que pode ter algo ali. Então é demarcada aquela área para buscas", conta.
Divisão de trabalho em áreas
Segundo o Ten Cel Roberto, para facilitar as buscas e salvamento, o Corpo de Bombeiros do Rio dividiu o local em áreas, cada uma identificada por letras do alfabeto grego. Como a região dos deslizamentos é grande, os militares estão realizando buscas em locais apontados por amigos ou familiares como o último local onde as pessoas desaparecidas foram vistas.
“Por exemplo: quando alguém dá por falta de uma pessoa, elas entram em contato e pontuam a informação onde a vítima estava. Aí vai uma equipe lá e pega essas informações da testemunha, a partir disso, fazemos um desenho da área e começamos a imaginar como foi o deslizamento e onde a vítima poderia estar”, explica o Tenente Coronel.
Emoção durante a experiência
Ainda segundo o relato do Tenente Coronel, um dos fatores mais emocionante, é o apoio da população. De acordo com ele, as pessoas têm ajudado como podem, dando informações, mas com apoio e levando água e café a todo instante para quem está trabalhando.
"A gente almoça no local, e é a população que leva a comida. Impressionante, são pessoas muito solidárias, a cidade se uniu em torno da causa. Sem contar que tem voluntários para ajudar, passando balde para retirar barro”, relata.
Emocionado, o Tenente Coronel relembra o momento que o mais emocionou. “Tinha um homem ajudando nas buscas, com os olhos marejados, perguntei quem ele estava buscando. Ele disse 'minha esposa grávida e meus dois filhos'. Orientamos ele a sair da área para que ele não visse quando os corpos fossem resgatados porque seria muito doloroso”.
A equipe tem data para voltar: o próximo domingo. Ao todo serão sete dias de operações dos militares alagoanos. "Com certeza deixará um legado em nossas vidas e muito aprendizado", finaliza.