Em um mês de atuação, unidade de União dos Palmares atendeu a três ocorrências de desaparecidos
Mesmo com pouco mais de um mês instalado na cidade de União dos Palmares, o 3º Grupamento Bombeiro Militar (3ºGBM) já atendeu a três casos de desaparecidos em meio aquático. As ocorrências exigiram o serviço de mergulho de resgate na região, o que demandou dos bombeiros conhecimentos especializados na área.
Como forma de agilizar o tempo de resposta nesses casos, o comando do 3º GBM promoveu nas duas últimas semanas a capacitação de alguns militares da unidade nesta modalidade de salvamento e para isso convidou do Grupamento de Salvamento Aquático (GSA), localizado em Maceió, que possui pessoal especializado e os equipamentos necessários para atender esse tipo de ocorrência.
Onze bombeiros tiveram treinamento e participaram de forma completamente voluntária. Responsável pelo treinamento, o tenente Paulo Oliveira explicou que ninguém sairia de lá um mergulhador formado, “mas todo mundo teve acesso ao conhecimento básico. Eles tiveram uma experiência do que é o mergulho de resgate e aprenderam a técnica de busca mais utilizada. Com a continuidade dos treinamentos, teremos a possibilidade de, em algumas situações dentro da nossa área de atuação, ser uma segunda opção em relação ao GSA”, disse.
Ainda de acordo com o oficial, o GSA continua sendo a melhor opção para esse tipo de resgate, mas dentro dos limites da capacitação recebida, os militares do 3º GBM poderão atuar quando for necessário. “Existem muitas outras peculiaridades que deverão ser apresentadas nas próximas instruções, como correnteza e outros tipos de terreno. São várias situações que podemos encontrar na atividade de mergulho”, pontuou.
Técnica ensinada
Neste primeiro momento, foi ensinada a técnica de leque em açude, onde dois mergulhadores realizam a varredura no fundo da água segurando uma corda. Na outra ponta da corda, fora da água, outro militar faz a segurança e auxilia servindo como ponto fixo.
O soldado Hellywanes Santos, um dos instrutores do treinamento, explica que existem algumas diferenças entre o mergulho recreativo e o mergulho de resgate. “No primeiro, a pessoa busca a visibilidade embaixo d’água, ter aquela sensação de viver num mundo que não é o nosso, de ver de perto os peixes e outros animais marinhos”, disse. Nessa modalidade também há comunicação por gestos e toques entre os mergulhadores.
Já no segundo tipo de mergulho, é tudo diferente. Na maior parte dos casos, há pouca, ou nenhuma visibilidade e o mergulhador usa apenas o tato para se guiar e se comunicar com outro mergulhador. É nessa situação de escuridão total, em um ambiente completamente desconhecido, que os mergulhadores têm que lidar durante a busca de um cadáver. Além disso, os mergulhadores podem se deparar com lixo, mato, pedaços de madeira, ou qualquer tipo de material que pode dificultar ainda mais a realização deste tipo de busca.
Essa foi uma experiência nova para a maior parte dos militares que participaram das instruções. O soldado Demetrus Albuquerque contou que nunca havia mergulhado antes. “Para mim é um serviço novo. Já tinha visto os equipamentos durante o meu curso de formação em 2010, mas nunca tive a oportunidade de mergulhar. E essa é uma modalidade de resgate muito difícil, que requer muito treinamento, preparo físico e segurança”, disse.
Voluntários
“Uma coisa que eu gostaria de destacar é que todos que estão participando desse treinamento são voluntários. Essa é uma atividade muito peculiar, muito específica, que não é todo mundo que tem vontade, habilidade e afinidade”, destacou Oliveira.
O oficial também ressaltou o papel do soldado Hellywanes Albuquerque. “Ele praticamente conduziu todas as instruções e veio também voluntariamente. É um militar que não só é competente, como gosta do que faz. Ele veio aqui compartilhar com a corporação o conhecimento que ele adquiriu pelo esforço próprio, vislumbrando a melhoria da qualidade do serviço”, lembrou.